Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

24 de julho de 2010

Viver e Deixar Viver

Pescadores à beira do Tejo - Lisboa
Outro dia conversava com uma amiga. Ela me contava o quanto sua mente tagarelava. Tagarelava tanto que não a deixava dormir ou a acordava no meio da noite para simplesmente tagarelar. E assim ela passava as noites sem dormir o suficiente para ter um dia calmo. Pensava no futuro, no passado e se preocupava com a família e em que podia fazer para ajudá-los, enquanto rolava na cama. Depois, acordada, tentava fazer de tudo para ajudar as pessoas da família que estavam com problemas e depois se frustrava por ter feito tanta coisa e ainda assim o problema não havia se resolvido, ou a dor do outro não tinha acabado.

Pensei em quantas vezes isso também tinha acontecido comigo. Quantas vezes minha mente ficava trabalhando a noite inteira remoendo situações do passado ou do futuro e perdendo o presente, perdendo o sono.

Na conversa com essa amiga, descobrimos que na verdade não mudamos ninguém. Podemos talvez dar algum apoio, mas a mudança que achamos que o outro deve fazer, sobre essa não temos controle.

Queremos mudar o outro de acordo com nossas crenças e valores e desconsideramos o que o outro quer realmente. Na verdade, sentimos dor pelo outro e por não querermos sentir essa dor, tentamos “arrumar o mundo” para que ele fique confortável para nós. Então saímos desesperadamente “ajudando o outro”, porque se ele não sofrer, eu não tenho dor.

É quase uma arrogância nossa querer que o outro mude ou que ele não sinta dor, ou não viva alguma experiência que julgamos ser injusta, ou interferir numa situação tirando do outro a possibilidade de crescer e assumir seus próprios aprendizados.

Achar que alguém está vivendo uma experiência que não deveria, é não acreditar que essas mesmas experiências são presentes que o universo nos dá para sairmos de nossa zona de conforto e descobrirmos nossas infinitas possibilidades.

Acho que esse foi meu maior aprendizado nesses últimos cinco anos. Engraçado que quando começo a vivenciar isso de modo mais prático, uma sensação de estar livre começa a surgir no meu peito e com mais clareza posso entender que tipo de apoio eficiente eu posso dar ao outro sem que isso faça mal a mim ou ao outro. A esse aprendizado eu dou o nome de “aceitação”. Aceitar que há coisas que não posso mudar. Aceitar que tudo, tudo na vida está certo. E que se o universo permite que as pessoas vivam suas experiência, por que eu não permitiria?

"Na infinidade da vida onde estou,
tudo é perfeito, pleno e completo,
e no entanto a vida está sempre mudando.
Não existe começo nem fim,
Somente um constante ciclar e reciclar
De substância e experiências".
(Louise L. Hay)

Um comentário:

  1. Zezé tenho lido suas mensagens no blog e aprendido muito. Muita coisa eu já até pratico, mas sempre tem novidade. Tenho gostado muito. Continue assim. Bjs Rudi.

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