Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

4 de março de 2012

Atitude

Ontem saí do curso que estou fazendo com a professora de Vedanta, Glória Ariera, com muita coisa a pensar e a refletir, tamanha a capacidade de clareza que ela tem ao discorrer sobre e os ensinamentos dos vedas sobre a vida real.

Confesso que me surpreendi com a possibilidade de poder beber de uma fonte tão antiga ensinamentos que são tão presentes em nossa vida hoje.

Fiquei fazendo um paralelo com tudo que tenho aprendido.

Quando começamos a fazer um trabalho de Coaching, por exemplo, falamos em meta, falamos em competência, falamos sobre nossos valores e nossa missão. Pesquisamos nossas crenças e tentamos ser congruentes em todas as nossas facetas da vida. Ao entendermos como funcionamos, colocamos em prática essa nova maneira de pensar e observamos como isso vai acontecendo.

Se só entendermos como funcionamos e não colocarmos em prática não temos ganho algum, será um ato vazio. Se agimos sem ter a atitude da mudança também não há ganho algum, continuaremos fazendo a mesma coisa e teremos, portanto, as mesmas respostas da vida. Não adianta reclamar que a vida da gente não muda se eu não mudo minha atitude. Se tivermos a atitude e não manifestá-la em ato, também não há nada a ganhar. É inútil.

O significado das experiências que temos depende do entendimento que temos sobre nós mesmos, sobre o outro e sobre como eu me relaciono comigo e com o mundo. A mesma experiência pra mim pode ser dolorosa, carregada de sofrimento ou pode ser carregada de abertura, de expansão. Isso depende da nossa escolha.

Quando entramos nessa aventura do autoconhecimento, nos observamos e nos vemos, muitas vezes, repetindo os mesmos padrões. Tudo bem, esse é o início do processo. Precisamos de um tempo para, após o entendimento, nutrir o significado da ação.

Quando nos conhecemos melhor podemos também ter melhores escolhas. Claro que sempre temos como objetivo a satisfação, satisfazer nossos desejos, nossos anseios. Se tudo à nossa volta funciona como eu acho que deve funcionar, estão eu fico satisfeita. Mas nem sempre isso é possível. E se a minha satisfação destrói o outro, não podemos ir por esse caminho. E por quê? Porque sabemos o que é certo, porque temos a nós mesmos como padrão, ou seja, não faço ao outro o que eu não gostaria que fizesse comigo.

Maturidade emocional é quando não fazemos o que não é certo, é quando temos a capacidade de escolher não satisfazer nossos desejos em primeiro lugar, mas fazer o que é adequado. Do contrário ficaremos emocionalmente mimados, infantis. Muitas vezes enfrentamos situações onde há algo que devemos fazer, mas isso não bate com os meus valores mais internos. Há então um conflito. Cria-se uma divisão e a mente não se aprofunda, porque o contato com você mesmo é doloroso, porque neste contato você tem que lidar com a sua incoerência. Se você for congruente, a mente se tranquiliza e você fica em paz com seus valores.

O mundo não é só do jeito que a gente quer. Então como busco a satisfação? A minha felicidade não pode depender de eu organizar o mundo à minha visão, de mudar as pessoas e situações. Deve haver outra maneira de ser feliz. A única maneira eficaz é olhar o mundo por outra perspectiva. A solução que, até então, eu buscava fora, já não me serve mais. Ela precisa ser vasculhada dentro de mim mesma e isso exige um espaço na nossa mente para poder pensar diferente e esse espaço só vai existir se tivermos paz interna. Esse sim é o nosso grande e verdadeiro objetivo a ser alcançado. Para isso temos que trabalhar a auto-observação em todas as áreas de nossa vida.

Isso foi um pouco do que ouvi no curso e fiquei aqui pensando que nossa vida é algo valioso demais para ficarmos repetindo as mesmas coisas todos os dias, usando as mesmas técnicas de comportamento, as mesmas crenças limitantes que não nos fazem sair do lugar. Só posso saber disso se me auto-observo e se eu tenho a disponibilidade interna de mudar dentro de mim e ainda me colocar no mundo como uma pessoa mais refinada, mas íntegra, mais honesta, mais verdadeira.

Se, ao acabar meu dia, me olho e vejo que repeti ações inadequadas, que caí nas mesmas armadilhas emocionais, então eu tenho a escolha de mudar e tomar uma atitude que me transforme naquilo que realmente eu sou para contribuir com minha família, meus amigos, companheiros de trabalho, a humanidade e o universo. De outra maneira, seguiremos nossa vida sem alcançarmos a nossa meta maior.

3 comentários:

  1. Muito legal, Zezé!

    Acho que "congruência" é a chave da questão. As armadilhas em que caímos são fruto do desalinhamento entre as diferentes dimensões do ser. Daí a nossa incongruência... Mas eu penso que ela é parte do processo evolutivo mesmo. Nós não amadurecemos em todos os aspectos/níveis de maneira uniforme. Afinamos e desafinamos o tempo todo. Beijos. Sandra

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  2. Zezé – muito certo e útil , mas muito difícil também !
    Valeu , estou repassando
    Abs
    JP

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