Minha irmã mais velha
está fazendo 70 anos. E ela estava para decidir se celebraria essa data com uma
viagem ou com uma festa com família e amigas. Eu dei minha opinião: “Por que
você precisa optar por um deles? Por que não pode ficar com os dois?” Ela adora
viajar para qualquer lugar. Se ela for ali na esquina vai voltar falando que
adorou o lugar e que tudo era maravilhoso e lindo. Ela também adora festas. Não
perde nenhuma. Não importa se é festa de aniversário de criança ou adulto,
casamento ou quermesse. Gosta de todas. Vai em todas. Adora dançar, visita
pessoas frequentemente. E não é só na alegria das festas que ela está presente,
ela também vai ver os doentes, vai aos enterros, ajuda em sua paróquia etc. Em
seus aniversários anteriores, sua casa ficou lotada, tamanho o número de amigos
que apareceu para lhe dar um beijo.
Por isso achava que ela
não podia optar por uma coisa só. Perguntei a ela: se você não fizer essa festa
agora, vai fazer quando? Se você não for viajar agora, vai viajar quando?
Na verdade tenho feito
essas perguntas para mim, apesar de ser 15 anos mais nova que ela. É
que percebo hoje que a vida é muito muito curta. De repente você abre os olhos
e lá se foram cinquenta anos. E mesmo com certas perdas, se compararmos com
nossos 20 anos, posso dizer que essa é a melhor fase de minha vida, onde não
existe mais ansiedades, ilusões, onde não tenho de escolher entre uma faculdade
ou outra, trabalhar em uma firma ou ser autônoma, encontrar um companheiro,
casar com essa ou aquela pessoa, ter ou não quantos filhos. Ufa! É como se essa
fase de construção tivesse se ajeitado e agora seria mais a de usufruir das
escolhas e ser livre para novas escolhas, agora mais relacionadas à essência do
por que estou aqui. É como se até agora eu só estivesse no processo de acordar,
de me lembrar porque estou aqui nessa existência e a partir de agora eu
começasse realmente a viver o essencial da vida.
Hoje faço o trabalho de
simplificar a vida. Simplificar o modo de viver, simplificar o meu guarda
roupa, a comida que como, meu jeito de limpar a casa, simplificar o meu
trabalho e o jeito que lido com ele. Simplificar o que eu como, o que eu falo e
o que eu escuto. Simplificar o que eu penso, o que eu sinto, o que eu vejo.
Simplificar meus desejos, meus relacionamento com as pessoas. Segundo Satish
Kumar,“para um futuro sustentável, precisamos trabalhar menos, fazer menos,
gastar menos e ser mais. Diminua o ritmo e vá mais longe. De uma existência
simples surgem relacionamentos, celebrações e alegria. Um modo de vida
sustentável é um modo de vida feliz. Viva com mais leveza, tirando da natureza
somente o que é necessário, de modo a deixar uma pegada menor sobre a Terra.”
Simplificar para ser
livre e poder tirar de cada experiência o melhor. Assim qualquer coisa
corriqueira pode ser algo muito prazeroso, belo, alegre e cheio de conteúdo.
Ontem, um lindo pôr do sol aconteceu na janela de meu apartamento e, naquele
momento eu estava fazendo alguma outra coisa. Eu parei e pensei: “Se eu não
olhar, não contemplar esse pôr do sol agora, vou fazê-lo quando?” E ficar ali
por 15 minutos vendo meu olhos contemplarem aquelas cores e ouvir meus ouvidos
ouvirem o silêncio do fim do dia se adentrar em mim foi algo muito restaurador.
Perdi a dimensão do tempo e do espaço e registrei em minha alma aquela
impressão única de que eu não era separada daquela cor, daquele sol, daquele
silêncio, daquilo que acontecia sob as leis cósmicas. Eu era parte de tudo.
Por isso, não dá mais
para ficar sentada assistindo televisão ou fazendo qualquer outra coisa que não
me acrescente coisa alguma. Não dá mais pra perder tempo com coisas que não
sejam simples, essenciais. Por isso não dá para adiar o que temos que fazer
aqui.
E voltando ao
aniversário de minha irmã, ela resolveu então celebrar seu aniversário dançando
com as pessoas que ela gosta e viajando pelo mar atravessando o oceano. E se
não fizer isso agora, vai fazendo quando? Que ela receba de volta toda alegria
que ela transmite às pessoas através de seu entusiasmo e de sua vontade de
deixar o mundo mais bonito. Parabéns mana!
Como sempre o que você escreve vai fundo. Obrigado por nos brindar com vivências tão pessoais e verdadeiras.bjs
ResponderExcluirLindas palavras, Zezé (teacher!!!)
ResponderExcluirAdorei! É isso mesmo!
Saudades das nossas conversas!
Beijos
Telma
Zezé...Parabéns prá sua irmã mais velha...que homenagem linda que vc fez!
ResponderExcluirIrmãs são ótimas né!? Imagina uma assim, com toda esta bagagem de vida, de alegria e sabedoria!!!
Como sempre...vc...outra sábia-mestra com suas palavras...'Por isso, não dá mais para ficar sentada assistindo televisão ou fazendo qualquer outra coisa que não me acrescente coisa alguma. Não dá mais pra perder tempo com coisas que não sejam simples, essenciais. Por isso não dá para adiar o que temos que fazer aqui.' Beijo e Obrigada!
Dri-Yoga
Parabéns para a sua irmã também. É isso aí, Zezé, se não fizermos agora faremos quando?
ResponderExcluirRudy
Minha Vó, meu orgulho!
ResponderExcluirQuando eu crescer quero ser igual a ela!
=)
Beijos, Zezé, nos vemos na festa!!!
Zeze, ficou lindo o ultimo post do seu blog. Chorei...
ResponderExcluirLarissa
Adorei, Zezé!!!
ResponderExcluirBjs e bom domingo
Lígia
Fiquei feliz de aparecer no seu blog que está muito lindo.
ResponderExcluirObrigada
Beijosssssssssssss
Nair
Como sempre, valeu ter passado aqui.
ResponderExcluirTô empacotando o meu quarto no colégio, pois mudarei para 'a cidade' nesta semana.
Bom também ler sobre o Satish sabendo que o verei amanhã. Um verdadeiro privilégio...
Bj
Mirella. Me conta depois o que vc vai ouvir dele. Boas mudanças.
ExcluirGrande Zezé
ResponderExcluirBoa noite. Tudo bem?
Saudade grande.
Parabéns pelo blog.
Abraço e fique com Deus.
Daniel Barzi
Zezé,
ResponderExcluirMinha mãe é uma pessoa batalhadora e que não desiste das coisas e nem das pessoas e acho que é isso que a faz uma pessoa tão especial.
Beijos,
Silvana
Que bom te ler de novo, amiga. Um pouco da energia restauradora daquele pôr do sol que você admirou de sua janela chegou até mim. Obrigada! :)
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